segunda-feira, 4 de junho de 2012


Psicologia Analítica e A Roda Das Cores
Por: Mônica Perny

C.G. Jung mostrou que o símbolo do círculo é uma imagem arquetípica da totalidade da psique, o símbolo do self sendo este o arquétipo que representa a unidade dos sistemas consciente e inconsciente, funcionando ao mesmo tempo como centro regulador da totalidade da personalidade. A sombra pertence ao inconsciente pessoal, mas também é pessoal na medida em que diz respeito aos nossos próprios fracassos e debilidades entre outros, mas como é comum a toda a humanidade, pode ser considerada um fenômeno coletivo. Segundo Jung não há sombra sem sol, nem sombra (no sentido de inconsciente pessoal) sem a luz da consciência. A sombra é inevitável e sem ela o homem é incompleto.
A roda das cores como mandala, representa as oposições do múltiplo e do uno, do decomposto e do integrado, do indiferenciado e do diferente, do exterior e do interior, do difuso e do concentrado, do visível aparente e do invisível real.
Jung recorre à imagem da mandala para designar uma representação simbólica da psique. 


As cores

A cor, além de produzir uma sensação de movimento, de expansão e de reflexão, pode também nos oferecer uma impressão estática. Mas ao relacionar uma cor a outras, dentro de um espaço bidimensional, um outro fenômeno pode acontecer. Poderemos observar que os valores apresentados por uma determinada cor se alteram quando ela passa a sofrer a influência de uma ou mais cores colocadas dentro de um mesmo espaço.
O primeiro caráter do simbolismo das cores é sua universalidade, em todos os níveis do ser e do conhecimento.
As cores complementares (uma primária e uma secundária) oferecem oportunidade de contraste de efeitos, que podem ser usado com grande êxito, desde que quem empregue saiba usá-las.
A harmonia pode ser conseguida pela graduação da luminosidade, pois o uso de cores complementares muito intensas, lado a lado, pode reduzir efeitos demasiado violentos.
As sensações de calor e frio em relação a uma cor são relativas ao indivíduo que a vê. Na psicologia distinguem-se as cores quentes e as cores frias As primeiras favorecem os processos de adaptação e de ardor (vermelho amarelo e alaranjado), tem o poder estimulante e excitante. As segundas favorecem o processo de oposição (azul, índigo e violeta), tem o poder sedativo e pacificante.
                       

Funções psíquicas X Cores

Na concepção analítica, segundo Jung, as cores exprimem as principais funções psíquicas do homem: pensamento, sentimento, intuição e sensação.
O azul é a cor do céu, do espírito, no plano psíquico, é a cor do pensamento.
O vermelho é a cor do sangue, da paixão, do sentimento.   
O amarelo é a cor da luz, do ouro, da intuição.
O verde é a cor da natureza, do crescimento. Do ponto de vista psicológico, indica a função de sensação ( função do real), a relação entre o sonhador e a realidade.


Simbologia das Cores Básicas:

Vermelho: Vem do latim vermiculus [verme, inseto (a cochonilha)]. Simboliza uma cor de aproximação, de encontro. Considerado como símbolo fundamental do princípio da vida, com a sua força, seu poder e seu brilho, cor do fogo e de sangue.
Amarelo: Deriva do latim amaryllis. Simboliza a cor da luz irradiante em todas as direções. É amais quente e a mais expressiva das cores. É a cor da eternidade; a cor da terra fértil.
Azul: Tem origem no árabe e no persa lázúrd, por lazaward (azul). É a cor do céu sem nuvens. É a cor mais profunda das cores: nele o olhar mergulha sem encontrar qualquer obstáculo, perdendo-se até o infinito. É também a mais fria das cores e, em seu valor absoluto, a mais pura, à exceção do vazio total do branco neutro. Imaterial em si mesmo, o azul desmaterializa tudo aquilo que dele de impregna. É o caminho do infinito, onde o real se transforma em imaginário. Claro, é o caminho da divagação, e quando se escurece, torna-se o caminho do sonho. O pensamento consciente, nesse momento vai pouco a pouco cedendo lugar ao inconsciente.
           

Simbologia das Cores Secundárias:

Verde: Vem do latim viridis. Situa-se entre o azul e o amarelo. Simboliza a faixa harmoniosa que se interpõe entre o céu e o Sol. Cor reservada e da paz repousante, favorecendo o desencadeamento das paixões. É o mediador entre o calor e o frio. É a cor do reino vegetal; do despertar da vida; da água. É envolvente, tranquilizante, refrescante e tonificante. Para os cristãos e na nossa cultura, a cor da esperança. A cor verde conserva um caráter estranho e complexo, que provém da sua polaridade dupla: o verde do broto e o verde do mofo, a vida e a morte. É a imagem das profundezas e do destino.
Alaranjado: Origina-se no persa narang, através do árabe naranja. Situa-se entre o amarelo e o vermelho. Simboliza o flamejar do fogo; o equilíbrio entre o espírito e a libido. Mas esse equilíbrio é tão difícil de ser alcançado que o alaranjado se torna também a cor simbólica da infidelidade e luxúria.
Violeta: Situa-se entre o vermelho e o azul. É a cor da temperança, equilíbrio entre a terra e o céu, os sentidos e o espírito, a paixão e a inteligência, o amor e a sabedoria, também é a cor do segredo, da submissão, da tranquilidade no qual o ardor do vermelho é suavizado.


Cores Opostas

As cores opostas como o branco e o preto simbolizam o dualismo intrínseco do ser. Elas simbolizam ainda: o preto, o tempo; o branco, o intemporal, e tendo o que acompanha o tempo, a alternância da escuridão e da luz, da fraqueza e da força..
Branco: A palavra nos vem do germânico blank (brilhante) Simboliza a luz, e nunca é considerado cor, pois de fato não é. Se para os ocidentais simboliza a vida e o bem, para os orientais é a morte, o fim, o nada.
Preto: Deriva do latim niger (escuro, preto, negro). É expressivo e angustiante ao mesmo tempo. É alegre quando combinado com certas cores. Às vezes tem conotação de nobreza, seriedade. C.G. Jung sublinha que o preto é o lugar das germinações, é a cor das origens, dos começos, das ocultações.



No meu trabalho arteterapêutico com a Roda das Cores tenho como objetivo principal trabalhar as questões pertinentes às diferenças, harmonia, limites, serenidade, equilíbrio e ordenação, buscando através deste último estimular a energia criadora do indivíduo.



Referências:
CHEVALIER, Jean. Dicionário de símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio; 2003
FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. São Paulo: Edgar Bücher, 1986.
FORDHAM, Frieda. Introdução à psicologia de Jung. São Paulo: Verbo : Ed. Universidade de São Paulo,1978.
GRINBERG, L.P. Jung: o homem criativo. São Paulo: FTD, 2003.

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