Psicologia Analítica
e A Roda Das Cores
Por: Mônica Perny
C.G. Jung mostrou que o símbolo do círculo é uma imagem
arquetípica da totalidade da psique, o símbolo do self sendo este o arquétipo
que representa a unidade dos sistemas consciente e inconsciente, funcionando ao
mesmo tempo como centro regulador da totalidade da personalidade. A sombra
pertence ao inconsciente pessoal, mas também é pessoal na medida em que diz
respeito aos nossos próprios fracassos e debilidades entre outros, mas como é
comum a toda a humanidade, pode ser considerada um fenômeno coletivo. Segundo
Jung não há sombra sem sol, nem sombra (no sentido de inconsciente pessoal) sem
a luz da consciência. A sombra é inevitável e sem ela o homem é incompleto.
A roda das cores como mandala, representa as oposições do
múltiplo e do uno, do decomposto e do integrado, do indiferenciado e do
diferente, do exterior e do interior, do difuso e do concentrado, do visível
aparente e do invisível real.
Jung recorre à imagem da mandala para designar uma representação
simbólica da psique.
As cores
A cor, além de produzir uma sensação de movimento, de
expansão e de reflexão, pode também nos oferecer uma impressão estática. Mas ao
relacionar uma cor a outras, dentro de um espaço bidimensional, um outro
fenômeno pode acontecer. Poderemos observar que os valores apresentados por uma
determinada cor se alteram quando ela passa a sofrer a influência de uma ou
mais cores colocadas dentro de um mesmo espaço.
O primeiro caráter do simbolismo das cores é sua
universalidade, em todos os níveis do ser e do conhecimento.
As cores complementares (uma primária e uma secundária)
oferecem oportunidade de contraste de efeitos, que podem ser usado com grande
êxito, desde que quem empregue saiba usá-las.
A harmonia pode ser conseguida pela graduação da
luminosidade, pois o uso de cores complementares muito intensas, lado a lado,
pode reduzir efeitos demasiado violentos.
As sensações de calor e frio em relação a uma cor são
relativas ao indivíduo que a vê. Na psicologia distinguem-se as cores quentes e
as cores frias As primeiras favorecem os processos de adaptação e de ardor
(vermelho amarelo e alaranjado), tem o poder estimulante e excitante. As
segundas favorecem o processo de oposição (azul, índigo e violeta), tem o poder
sedativo e pacificante.
Funções psíquicas X
Cores
Na concepção analítica, segundo Jung, as cores exprimem as
principais funções psíquicas do homem: pensamento, sentimento, intuição e
sensação.
O azul é a cor do céu, do espírito, no plano psíquico, é a
cor do pensamento.
O vermelho é a cor do sangue, da paixão, do sentimento.
O amarelo é a cor da luz, do ouro, da intuição.
O verde é a cor da natureza, do crescimento. Do ponto de
vista psicológico, indica a função de sensação ( função do real), a relação
entre o sonhador e a realidade.
Simbologia das Cores
Básicas:
Vermelho: Vem do latim vermiculus [verme, inseto (a cochonilha)]. Simboliza uma cor de
aproximação, de encontro. Considerado como símbolo fundamental do princípio da
vida, com a sua força, seu poder e seu brilho, cor do fogo e de sangue.
Amarelo: Deriva do latim amaryllis. Simboliza a cor da luz irradiante em todas as direções.
É amais quente e a mais expressiva das cores. É a cor da eternidade; a cor da
terra fértil.
Azul: Tem origem no árabe e no persa lázúrd, por lazaward (azul). É a cor do céu sem nuvens. É a cor mais profunda
das cores: nele o olhar mergulha sem encontrar qualquer obstáculo, perdendo-se
até o infinito. É também a mais fria das cores e, em seu valor absoluto, a mais
pura, à exceção do vazio total do branco neutro. Imaterial em si mesmo, o azul
desmaterializa tudo aquilo que dele de impregna. É o caminho do infinito, onde
o real se transforma em imaginário. Claro, é o caminho da divagação, e quando
se escurece, torna-se o caminho do sonho. O pensamento consciente, nesse
momento vai pouco a pouco cedendo lugar ao inconsciente.
Simbologia das Cores
Secundárias:
Verde: Vem do latim viridis. Situa-se entre o azul e o amarelo. Simboliza a faixa
harmoniosa que se interpõe entre o céu e o Sol. Cor reservada e da paz
repousante, favorecendo o desencadeamento das paixões. É o mediador entre o
calor e o frio. É a cor do reino vegetal; do despertar da vida; da água. É
envolvente, tranquilizante, refrescante e tonificante. Para os cristãos e na
nossa cultura, a cor da esperança. A cor verde conserva um caráter estranho e
complexo, que provém da sua polaridade dupla: o verde do broto e o verde do
mofo, a vida e a morte. É a imagem das profundezas e do destino.
Alaranjado: Origina-se no persa narang, através do árabe naranja.
Situa-se entre o amarelo e o vermelho. Simboliza o flamejar do fogo; o
equilíbrio entre o espírito e a libido. Mas esse equilíbrio é tão difícil de
ser alcançado que o alaranjado se torna também a cor simbólica da infidelidade
e luxúria.
Violeta: Situa-se entre o vermelho e o azul. É a cor
da temperança, equilíbrio entre a terra e o céu, os sentidos e o espírito, a
paixão e a inteligência, o amor e a sabedoria, também é a cor do segredo, da
submissão, da tranquilidade no qual o ardor do vermelho é suavizado.
Cores Opostas
As cores opostas como o branco e o preto simbolizam o
dualismo intrínseco do ser. Elas simbolizam ainda: o preto, o tempo; o branco,
o intemporal, e tendo o que acompanha o tempo, a alternância da escuridão e da
luz, da fraqueza e da força..
Branco: A palavra nos vem do germânico blank
(brilhante) Simboliza a luz, e nunca é considerado cor, pois de fato não é. Se
para os ocidentais simboliza a vida e o bem, para os orientais é a morte, o
fim, o nada.
Preto: Deriva do latim niger (escuro, preto, negro).
É expressivo e angustiante ao mesmo tempo. É alegre quando combinado com certas
cores. Às vezes tem conotação de nobreza, seriedade. C.G. Jung sublinha que o
preto é o lugar das germinações, é a cor das origens, dos começos, das
ocultações.
Referências:
CHEVALIER, Jean. Dicionário de símbolos. Rio de Janeiro:
José Olympio; 2003
FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. São
Paulo: Edgar Bücher, 1986.
FORDHAM, Frieda. Introdução à psicologia de Jung. São Paulo:
Verbo : Ed. Universidade de São Paulo,1978.
GRINBERG, L.P. Jung: o homem criativo. São Paulo: FTD, 2003.
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