sexta-feira, 1 de junho de 2012

Arteterapia com Idosos




A população no Brasil e no mundo está envelhecendo.
O aumento da expectativa de vida no Brasil se deve, entre outros fatores, ao progresso da ciência, às melhores condições sociais e econômicas e, por que não dizer, ao rígido controle demográfico que tem levado à diminuição da taxa de fecundidade nos últimos anos.
Com o aumento da população idosa no país, os programas de assistência vêm se tornando cada vez mais frequentes na formulação das políticas sociais. É possível observar que hoje a sociedade vem demonstrando maior atenção para as questões do fenômeno da velhice e do processo de envelhecimento.
O envelhecimento é um processo normal de alterações relacionadas com o transcorrer do tempo que ocorrem durante toda a vida. O ser humano começa a envelhecer no momento do parto.
Considerando a meia idade como núcleo do ciclo da vida, é nesse momento que o adulto amadurecido compreende que, quando jovem era heróico e impulsivo, sem experiência e cheio de vida. Agora ele continua cheio de vida, porém mais prudente e sábio.
Na transição da meia idade para uma nova fase o indivíduo se vê fazendo um balanço entre o contínuo jovem-velho. Após esta análise pode-se obter uma sólida estrutura na qual basear o uso da energia, imaginação e motivação positiva para uma mudança. Mas, a chegada da terceira idade traz muitas dúvidas, medos e incertezas.
Para os cientistas, a terceira idade, começa aos 60 anos.
O conceito de terceira idade tem sido variável. Há quem diga que existe a "boa idade". Isto é conceitual. A idade mostrada no documento de identidade pode ultrapassar os 50 anos, mas a mente, o espírito da pessoa é que mostram as quantas que ela anda. Aquela frase, cujo autor desconhecemos, mas que diz: "há idosos aos 20 anos e há jovens aos 90", mostra bem como é a realidade.
Entre os muitos modelos teóricos de desenvolvimento humano que identificam pontos críticos importantes durante a última metade do ciclo da vida, cabe ressaltar a psicologia analítica. C.G. Jung afirmou que embora muitas pessoas atinjam a idade avançado com necessidades não satisfeitas, é inevitável para tais pessoas olhar pra trás. Segundo Jung, a segunda metade da vida é a oportunidade que as pessoas têm de realizar uma exploração interior intensiva para poder encontrar um significado e uma totalidade na vida que tornem possível a aceitação da morte.
Nesta viagem rumo ao espaço sagrado e ao encontro com o seu verdadeiro “Eu” a Arteterapia assume um papel revelador, resgatando o potencial criativo visando promover a psique saudável e estimulando a autonomia e a transformação interna para a estruturação do ser.
No setting arteterapêutico, o cliente irá trabalhar com materiais plásticos expressivos tais como: pincéis, cores, papéis, argila, cola, recortes, desenhos, retalhos e outros, tendo como finalidade a mais pura expressão do verdadeiro Self, não se preocupando com a estética e sim com o conteúdo pessoal implícito em cada produção e explícito como resultado final.
Sendo assim, a Arteterapia visa estimular a criatividade através das diversas atividades artísticas, entendendo que estas se apresentam como um instrumento facilitador e catalisador do processo de resgate da qualidade de vida do homem na sua segunda metade da vida.
A Arteterapia não elimina as limitações inerentes ao processo de envelhecimento, mas favorece o desenvolvimento da criatividade e pode alterar a percepção do mundo, auxiliando o idoso no descobrimento de uma postura mais positiva diante da vida e despertando a vontade de buscar a felicidade pessoal. Neste sentido, o fazer artístico, como atividade humana que se aproxima muito da conquista da imortalidade, pois Angela Phillippini firma que “a obra de arte pode resistir ao tempo e ao esquecimento. Evidentemente, não se trata de levar indivíduos a produzirem grandes obras de arte, mas de despertar o compromisso com a vida, ajudando a superar o medo da morte, até porque muito do que se perdeu, pode ser revivido na Arte. E a experiência artística pode nos reconduzir re-enamoramento pela vida e por suas inúmeras possibilidades”.
Por todas as ideias apresentadas, a Arte constitui-se em um excelente recurso terapêutico para resgatar o potencial criativo dos idosos, estimulando-os a superar suas limitações e preconceitos, conscientizando-os que, na maioria das vezes, são impostos por eles mesmos. As Artes-integrativas estimulam a memória e favorecem o resgate da autoestima, possibilita a integração social dos idosos, favorecendo a autonomia das ações destes com perspectivas da melhoria da qualidade de vida.












Referências:
GRINBERG, Luiz Paulo. Jung: o homem criativo. São Paulo:FTD, 2003
PHILIPPINI, Angela. Reencontros e reencantos na terceira idade. In: Arte Terapia: revista imagens da transformação, n. 7, v. 7, nov. 2000.








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