quinta-feira, 31 de maio de 2012

O professor e o autismo infantil






O quebra-cabeça é símbolo do autismo, representa a complexidade e o mistério do distúrbio. As cores representam a variedade de pessoas que convivem com a desordem.







A criança autista é uma criança com necessidades educacionais especiais.
As causas do autismo ainda são desconhecidas. Acredita-se que a origem do autismo esteja em anormalidades em alguma parte do cérebro ainda não definida de forma conclusiva e, provavelmente, de origem genética. Além disso, admite-se que possa ser causado por problemas relacionados a fatos ocorridos durante a gestação ou no momento do parto.
A hipótese de uma origem relacionada à frieza ou rejeição materna já foi descartada, relegada à categoria de mito há décadas. Porém, a despeito de todos os indícios e da retratação pública dos primeiros defensores desta teoria, persistem adeptos desta corrente que ainda a defendem ou defendem teorias aparentemente diferentes, mas derivadas desta.
O professor muitas vezes percebe que a criança tem necessidades educacionais especiais antes mesmo dos seus pais ou do próprio pediatra. Provavelmente ele não saberá que ela é portadora de autismo, mas certamente perceberá que se trata de uma criança diferente.
Entre as coisas diferentes que o professor poderá perceber nessa criança estão:

1. Ausência de linguagem verbal, ou linguagem verbal pobre.

2. Ecolalia imediata (repetição do que outras pessoas acabaram de falar) ou ecolalia tardia (repetição do que outras pessoas falaram há algum tempo, repetição de comerciais de TV, de falas de filmes ou novelas etc.).

3. Hiperatividade, ou seja, constante agitação e movimento (ocorre em um grande número de crianças) ou extrema passividade (ocorre em um menor número de crianças).

4. Contato visual deficiente, ou seja, a criança raramente olha nos olhos do professor, dos pais ou de outras crianças.

5. Comunicação receptiva deficiente, ou seja, a criança apresenta grandes dificuldades em compreender o que lhe é dito, não obedece a ordens nem mesmo simples e muitas vezes não atende quando chamada pelo nome.

6. Problemas de atenção e concentração.

7. Ausência de interação social, ou seja, a criança não brinca com outras crianças, não procura consolo quando se machuca e parece ignorar os outros. Pode rir ou chorar, mas sempre dando a impressão de que isso diz respeito apenas a ela mesma.

8. Mudanças de humor sem causa aparente.

9. Usar adultos como ferramentas, como levar um adulto pela mão e colocar a mão do adulto na maçaneta da porta para que a abra.

10. Ausência de interesse por materiais ou atividades da sala de aula.

11. Interesse obsessivo por um determinado objeto ou tipo de objetos, por exemplo, a criança pode ter obsessão por cordões de sapatos, palitos de dente, tampinhas de refrigerante etc.

12. Eventualmente uma criança com autismo pode aprender a ler sozinha antes dos quatro anos sem que ninguém tenha percebido como isso ocorreu.

É quase improvável que estas características apareçam ao mesmo tempo. Na primeira infância, os quadros, em diferentes graus, são muito semelhantes, confundindo muitos profissionais experientes, tanto no sentido de subestimar como superestimar as habilidades dessa criança.

Cabe aqui pontuar dois aspectos muito importantes:

1 - independentemente da localização dos distúrbios, quanto mais precoce a intervenção, maior a oportunidade para a criança em todos os sentidos: comunicação, sociabilização, comportamento e aprendizado. Essa interferência necessita ser basicamente educacional;

2 - a prioridade para todas as crianças, independentemente do grau de deficiência mental, é o desenvolvimento cognitivo, até mesmo em relação ao desenvolvimento social, pois é por meio daquele que ela vai iniciar o estabelecimento da consciência sobre si mesma e, posteriormente, como consequência, a consciência sobre os demais. A criança autista, por ter deficiência na interação social, precisa de ajuda para socializar-se.
É comum que o professor se sinta inseguro de comentar isso com alguém, especialmente com os pais da criança.
Nesse caso, o professor  deve compreender do importante papel que desempenha e precisa saber que uma constatação desse tipo, sinaliza o imediato acesso a novos direitos por parte desse aluno e lhe abre as possibilidades de receber ajuda.


Portanto é importante que o professor:

- procure a coordenação da escola para discutir o assunto;

- a coordenação e professor devem chamar imediatamente os pais para uma conversa franca, perguntar se já tinham alguma desconfiança e orientá-los no sentido de procurar esclarecimentos médicos e traçar planos de trabalho conjunto a curto e médio prazo;

- preparar-se para ajudar seu aluno.



Referências:

MELLO, Ana Maria S. Ros de, Autismo: guia prático. 5 ed. São Paulo: AMA; Brasília: CORDE, 2007.

Ministério da Educação e Cultura.  Saberes e práticas da inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem: autismo. 2. ed. rev. - Brasília :, SEESP, .2003. 










"Não devemos ter medo dos confrontos...

até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas"

(Charles Chaplin)






quarta-feira, 30 de maio de 2012

Jornada de Fisioterapia


Dia 28/05/2012 foi o primeiro dia da Jornada de Fisioterapia realizada na Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) Campus de São Gonçalo-RJ.
Quero agradecer ao Prof. Leandro Araujo e a Profªa Isis Brito pelo convite para participar como palestrante com o tema: O lúdico na promoção da saúde da criança hospitalizada.
Também quero parabenizar aos alunos do 6º período do curso de graduação em Fisioterapia que organizaram com maestria o evento, 
Conforme prometi aos participantes, segue abaixo o resumo da minha palestra e as fotos do evento.





Durante a hospitalização, a criança sofre um distanciamento de seus laços familiares e sociais, esboçando-se um novo cenário: o hospital. É uma experiência estressante e traumática que gera ansiedade, angústia e medo da dor, dos procedimentos invasivos. Diante deste quadro a criança pode apresentar distúrbios comportamentais diversos, que vão da agressividade à apatia.Com crianças as atividades lúdicas são excelentes recursos na terapêutica complementar dentro de uma unidade de internação pediátrica. O uso de materiais plásticos e expressivos tornam-se instrumentos de grande valia, uma vez que se aproximam muito da linguagem infantil pela criatividade, com o uso de desenhos, pintura, contação de histórias, cantigas, materiais e jogos lúdicos que são formas características próprias de expressão do universo infantil. As oficinas de criatividade apresenta vastos recursos para atender as necessidades de elaboração dos conteúdos internos das crianças, visando sempre a auto expressão, mostrando através das atividades desenvolvidas suas capacidades e habilidades e ainda o seu desenvolvimento mental, emocional, cognitivo e sociocultural.A Psicopedagogia segundo o Código de Ética da Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp (1996), diz respeito à “área de estudo e de atuações no contexto de saúde e educação, tendo como foco o processo de aprendizagem humana”. O fundamento da Psicopedagogia é o estudo da aprendizagem humana que se constitui a cada momento em qualquer tempo. Intrínseca ao ser humano, que se dá em todos os sentidos, em qualquer tempo e continuamente.Segundo Vygotsky a imaginação é um processo novo para a criança, pois constitui uma característica típica da atividade humana consciente. A imaginação surge da ação, e é a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais. Isso não significa necessariamente que todos os desejos não satisfeitos dão origem aos brinquedos. Portanto a Educação só pode ser compreendida com invenção e imaginação para criar o novo.Para Winnicott a brincadeira é universal e própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde. O brincar conduz aos relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação na psicoterapia. Portanto, a brincadeira traz a oportunidade para o exercício da simbolização e é também uma característica humana.
Em seu livro “A formação do símbolo na criança” (1990), Piaget trabalha com os jogos como os recursos ativos dos quais, o ser humano se serve em sua vida para construir-se a si mesmo, aprendendo a relacionar-se com o que está fora e em torno de si.As atividades desenvolvidas nas oficinas de criatividade visam minimizar os efeitos negativos da hospitalização pediátrica através de atividades artísticas e lúdico-pedagógicas.Nas oficinas priorizaram-se os materiais não estruturados tais como: papéis, em diferentes cores, tamanhos e texturas (sulfite, cartolina, papelão); lápis de cor; gizão de cera; canetas hidrocor; tintas guache; cola branca e outros. Cabe aqui lembrar que todos os materiais utilizados devem ser atóxicos e laváveis.Nas atividades lúdicas no âmbito hospitalar e o uso da imaginação é um processo novo para a criança, pois constitui uma característica típica da atividade humana consciente. A imaginação surge da ação, e é a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais. É um momento que que ela tem o poder de decisão: querer ou não participar das atividades.A partir das produções artísticas as crianças e seus acompanhantes podem expressar seus medos, fantasias e expectativas com relação à doença e ao tratamento. Portanto, as atividades lúdicas tornam-se facilitadoras no processo de humanização; promove a melhoria do estado físico e mental nas crianças, melhoria na relação equipe de saúde-paciente-família, favorecendo a formação de vínculos afetivos que influenciarão positivamente no resultado do tratamento durante o período de internação hospitalar da criança.



Programação do evento


Prof. Leandro Araujo, foi meu professor 
na disciplina de Psicomotricidade no curso de PG em Psicopedagogia. 


Profª. Ísis Brito, coordenadora do Curso de PG em Psicopedagogia. 




Minha palestra




Profª. Cristiane Cavina







domingo, 27 de maio de 2012

Violência e Agressividade no contexto escolar






Neste texto pretendo discutir o tema Violência e Agressividade no contexto escolar brasileiro, pensada à luz da Psicanálise e visa empreender um estudo buscando articular um diálogo entre Educação, Psicanálise e Saúde Pública. Por ser um assunto, contemporâneo, complexo e com elevados índices de situações envolvendo violência nas escolas, com a participação de jovens estudantes, vem gerando muitas inquietações e discussões nos diferentes segmentos da sociedade brasileira.
O tema torna-se relevante para compreender o fenômeno bullying, suas causas e consequências nocivas à saúde física, mental e na aprendizagem dos envolvidos, assim como, o seu poder propagador e seus desdobramentos na vida adulta oferecendo subsídios teóricos para o enfrentamento do fenômeno.
Abordarei essencialmente os conceitos de pulsão de morte e repetição numa visão psicanalítica, articulando-os a violência no contexto escolar. Atualmente, as diferentes modalidades de violência presentes na sociedade não só atingem os espaços privados, mas também as de domínio público, entre eles, a escola.
A escola é um espaço de encontro entre diferentes indivíduos com diferentes realidades familiares e sociais, o que favorece o aparecimento de conflitos. Chauí (1985) fornece um conceito abrangente a respeito da violência:

Entendemos por violência uma realização determinada das relações de forças, tanto em termos de classes sociais, quanto em termos interpessoais. Em lugar de tomarmos a violência como violação e transgressão de normas, regras e leis, preferimos considerá-la sob dois outros ângulos. Em primeiro lugar, como conversão de uma diferença e de uma assimetria numa relação hierárquica de desigualdade, com fins de dominação, de exploração e opressão. Isto é, a conversão dos diferentes em desiguais e a desigualdade em relação entre superior e inferior. Em segundo lugar, como a ação que trata um ser humano não como sujeito, mas como coisa. Esta se caracteriza pela inércia, pela passividade e pelo silêncio de modo que, quando a atividade e a fala de outrem são impedidas ou anuladas, há violência.



O bullying escolar

O bullying é um fenômeno mundial, que pode ser encontrado em toda e qualquer escola, não estando restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária ou secundária, pública ou privada. O bullying escolar é, na atualidade, um dos temas que mais preocupa os pais e profissionais das áreas de educação, saúde e segurança pública. Estudos mostram números cada vez mais preocupantes de tal prática nas instituições de ensino.
O termo bullying tem origem Europeia. É uma forma de comportamento complexo com múltiplas facetas, sendo conceituado como um conjunto de comportamentos violentos e agressivos, físicos e/ou psicológicos; adotados de maneira individual ou grupal contra um ou mais indivíduos e caracterizado por sua natureza repetitiva e pelo desequilíbrio de poder, causando dor, angustia e sofrimento.


Violência e agressividade na teoria psicanalítica

Freud entendia a Psicanálise como um sistema de personalidade, na qual abordava três áreas: as forças motivadoras do inconsciente, os conflitos entre essas forças e os efeitos desses conflitos.
O texto O mal estar na Civilização (1930-[1929]) pontua que agressividade ou violência sempre esteve presente na história da humanidade. Nessa obra Freud afirma que somos violentos ao reconhecer “a existência da inclinação para a agressão, que podemos detectar em nós mesmos” e ainda cita a hostilidade de cada indivíduo contra todos e de todos contra um determinado indivíduo. As palavras de Freud reverberam nas palavras de Birman:

Não resta dúvida de que a violência é uma marca que perpassa a história humana, estando presente não apenas em diversas tradições culturais como também em todas as sociedades. Não obstante as múltiplas diferenças existentes nessas e naquelas, nos registros político, religioso e simbólico, a violência está sempre lá, como traço indelével da experiência social, regulando e desregulando ao mesmo tempo as relações entre as subjetividades.

Na visão freudiana, O Complexo de Édipo marca a entrada da criança na cultura, logo a violência se faz presente na entrada do homem na cultura, ou seja, a violência é um ato de cultura. A violência é diferente da agressividade, que é um componente natural dos seres humanos e dos animais
O termo pulsão permeia toda a obra freudiana. Em alemão, as palavras Trieb e Instinkt são sinônimas. Freud adotou a palavra Trieb para traduzir o termo pulsão e diferenciá-la da palavra Instinkt traduzida como instinto. Assim, para Freud Instinkt seria traduzido para o impulso inato animal, deixando a palavra Trieb para designar a força motivadora humana.
Na teoria freudiana a agressividade tem uma origem biológica e social com uma tendência inata para a destruição. Esta tendência pode ser direcionada para o exterior (tendo como alvo outros indivíduos ou propriedades) ou para o interior (podendo levar à automutilação ou suicídio).  Freud afirma que, realmente, parece necessário que destruamos alguma outra coisa ou pessoa, a fim de não nos destruirmos a nós mesmos, a fim de nos protegermos contra a impulsão de autodestruição.
Para Freud essa agressividade resultada da relação intrínseca entre as pulsões de vida ou sexuais com as pulsões de morte.
O termo pulsão de morte surge pela primeira vez em 1920, no texto freudiano Mais além do princípio do prazer levando Freud a compreender melhor os fenômenos clínicos vinculados à compulsão e à repetição, via pela qual as experiências desagradáveis e que incomodam o sujeito são rememoradas em vez de serem esquecida. A pulsão de morte na teoria freudiana apresenta-se como um impulso que visa restaurar um estado anterior de coisas. A energia proveniente da pulsão de morte é "agressiva".
Lacan profere em A ética da Psicanálise: “A pulsão, como tal, e uma vez que é então pulsão de destruição, deve estar para além da tendência ao retorno ao inanimado. O que ela poderia ser? - Senão uma vontade de destruição direta”, ou seja, a pulsão de morte é a pulsão em si mesma.
Na leitura das obras de Freud observar-se que, a ideia de uma tendência à repetição sofre modificações teóricas no seu percurso, tornando-se um conceito de grande importância para a Psicanálise.
O psicanalista francês Jacques Lacan (1963-1964) em O seminário, livro, 11 a considera como um dos quatro conceitos fundamentais da psicanálise.
Desde os primeiros textos de Freud a ideia de uma tendência à repetição (Widerholung) liga-se à de compulsão (Zwang). A repetição funde-se ao funcionamento psíquico inconsciente.
Apesar de, o termo compulsão ter sido documentado numa carta ao médico alemão Wilheim Fliess em 1894, o conceito de compulsão à repetição aparece pela primeira vez na obra freudiana em Recordar, repetir e elaborar escrita em 1914. Neste texto Freud articula a transferência e a resistência com a compulsão à repetição.
A pulsão de morte se presentifica em qualquer momento no qual o sujeito esteja diante uma situação ameaçadora, e a compulsão a repetição emerge como manutenção do principio de prazer. Assim a partir da repetição o sujeito busca elaboração numa tentativa frente aos acontecimentos traumáticos.
Lacan, ancorado na obra freudiana, define a violência como um excesso pulsional e como gozo. Logo, tanto na violência como no sintoma, o gozo está sempre presente, ou seja, há satisfação pulsional tanto para os agressores quanto para as vítimas do bullying.


Referências

BIRMAN, J. Violência, segregação e formas de subjetivação. In: Cadernos sobre
o mal: Agressividade, violência e crueldade. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2009.
CHAUÍ, M. Participando do debate sobre mulher e violência. In: Perspectivas
antropológicas da mulher. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. p. 25-62.
COSTA, J. F. Violência e psicanálise. 2ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
FANTE, C. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e
educar para paz. 2. ed. Campinas: Versus, 2005.
FREUD, S. (1914) Pulsão e destinos da pulsão. In: Escritos sobre a psicologia
do inconsciente, Vol. I. Rio de Janeiro: Imago, 2004.






Mudanças são possíveis!
                                                  

Relfexão








sexta-feira, 25 de maio de 2012

Autismo Infantil à luz da Psicanalise








O ser humano ocupa a mais alta posição da escala evolutiva no reino animal, e ainda assim, o bebê humano nasce numa situação de total dependência de cuidados para sobreviver. Desde o nascimento o bebê necessita de proteção e cuidados, entre eles alimentação e higiene, os quais serão os responsáveis pelas primeiras experiências de prazer e desprazer do indivíduo.
 A criança, ao nascer não sobrevive sozinha. É necessária a presença de outra pessoa para garantir sua sobrevivência. Quem garante esta sobrevivência é a mãe ou um cuidador que cumpre a função materna. Geralmente a mãe desempenha sua função em conjunto com o pai da criança ou outra pessoa que assuma a função paterna. Somente partir desta relação com os pais, a criança poderá se constituir como sujeito. O sujeito da psicanálise é o sujeito do inconsciente enquanto manifestação única e singular. Logo, a intervenção do agente da função materna é, portanto, a condição de possibilidade de seu vir-a-ser.
O principal axioma de Lacan é: ”o Inconsciente é estruturado como linguagem”, portanto, somos estruturados a partir da fala e da linguagem. Para o psicanalista “as palavras fundadoras, que envolvem o sujeito, são tudo aquilo que o constituiu, seus pais, seus vizinhos, toda a estrutura da comunidade, que o constituiu não somente como símbolo, mas no seu ser”. Disso decorre que estamos sujeitos ao efeito do inconsciente, uma vez inseridos no mundo da linguagem, lidamos todo o tempo com palavras, com imagens e com símbolos que se articulam continuamente.
A teoria psicanalítica considera o autismo como resultado da falha no processo de constituição do sujeito, devido a falhas na relação da criança com seus pais, ou seja, no exercício da função materna e na função paterna. Essas falhas podem ocorrer quando a mãe deixa de dar uma resposta a uma demanda do bebê. Referente a função paterna, a falha ocorre quando não há  investimento de um terceiro indivíduo que possa contribuir na constituição psíquica da criança.


Breve histórico sobre o autismo

O termo autismo foi criado por Eugen Bleuler em 1907, para designar o ensimesmamento psicótico do sujeito em seu mundo interno e a ausência de qualquer contato com o exterior, que pode chegar inclusive ao mutismo.
A síndrome do autismo foi descrita pela primeira vez em 1943, num artigo escrito originalmente em inglês “Distúrbios Autístico do Contato Afetivo” pelo psiquiatra Leo Kanner. Kanner descreveu um grupo de onze casos clínicos de crianças apresentavam inabilidade para se relacionarem com outras pessoas desde o início da vida, falha na comunicação e dificuldades para lidar com quaisquer mudanças. Estas crianças aprestavam em comum as seguintes características: um autismo extremo, a obsessividade, as estereotipias e a ecolalia. Segundo Kanner, o autismo era causado por pais altamente intelectualizados, pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relações humanas da criança.
Depois de postular uma origem psicogênica para o autismo e afastar a questão do aspecto dos distúrbios precoces, vários psicanalistas, nos Estados Unidos, França e Inglaterra, começaram a desenvolver as ideias kleinianas e annafreudianas para a análise de crianças autista.


Autismo Infantil

O autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano. Designa-se de “autista" a pessoa afetada pelo autismo e de “autístico” tudo aquilo que caracteriza o autismo.
A incidência do autismo é mais frequente no sexo masculino. Os sinais e sintomas da síndrome do autismo podem manifestar-se desde os primeiros dias de vida até os três anos de idade.
A psicanálise inclui a síndrome do autismo no campo das psicoses e desde Kanner a questão dos pais toma uma posição central para a compreensão da etiologia do autismo. Para Jerusalinsky aparecimento tanto de traços como de quadros autistas está intimamente vinculado ao desequilíbrio do encontro do agente materno com a criança. Sendo que este desequilíbrio depende, por um lado, do status psíquico deste agente e, por outro lado, das condições constitucionais da criança para se apropriar dos registros imaginário/simbólico que entram no jogo do vínculo.



Características comportamentais das crianças autistas

As principais características do autismo são: desvios dos padrões qualitativos na comunicação, socialização, iniciativa, imaginação e criatividade. As estereotipias no autismo são variadas e se processam em determinadas horas do dia, e podem agravar-se em momentos de ansiedade.
 O autista apresenta uma inabilidade inata de estabelecer contato afetivo e interpessoal com o mundo à sua volta. Ausência de sorriso social. Busca pouco ou nenhum contato visual e agem como se estivesse surdo. Observa-se claramente isto ao observar uma criança autista brincando. Suas brincadeiras demonstram falta de criatividade ou imaginação. Seus jogos, ou seu brincar é mecânico, normalmente com movimentos repetitivos, como, rolar um canudo entre os dedos ou acender apagar a luz. Não demonstra interesse em brincar com os outros, de partilhar um brinquedo e prefere o isolamento. É frequente o uso de objetos autisticos (ou confusionais), termo usado por Tustin para descrever brinquedos duros (como trens ou carrinhos) ou macios (bonecos de pelúcia) que a criança carrega constantemente consigo. Outro hábito frequente da criança autista é ficar horas assistindo os mesmos filmes ou desenhos animados e usando o controle remoto para repetir as partes que querem ver  pretendem pular.
Também é comum, ver crianças autistas abraçando e beijando as pessoas. Esta atitude, que aparenta uma aproximação afetiva, não tem intenção de troca, mas sim um comportamento repetitivo, pois a criança é incapaz fazer diferenciações de pessoas, lugares e ocasiões. E ainda, as mudanças de rotina, como por exemplo, a dos móveis da casa, ou até mesmo de um brinquedo, é capaz de perturbar algumas crianças autistas.
A fala ou linguagem nos autista podem estar ausentes (mutismo). Podem apresentar ritmo imaturo da fala, quando surge, é arrítimica, atonal, sem inflexões e não transmite emoções. Articulam palavras repetidas (ecolalia) sem associação com o significado e geralmente associada ao uso inadequado do pronome pessoal. Têm dificuldade em expressar suas necessidades,  gesticulam e apontam no lugar de palavras.
Costumam ter apego exagerado a um objeto em particular que guardam o tempo todo e reagem quando lhes for retirado.
Resistem à mudança de rotina.
As vezes se isolam e falam baixinho ou riem sem motivo
Podem manter posições bizarras maneirismos e estereotipias, principalmente de mãos e dedos e ainda, fixarem um objeto ficando de cócoras ou impedirem a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determina maneira os alisares.
Nas formas mais graves podem apresentar comportamento destrutivo e se automutilarem, pois possuem uma aparente insensibilidade a dor, ou extrema aflição sem razão aparente, tornando-se agressivas ao que lhe vem pela frente sejam pessoas, animais, ou coisas.


Autismo na clínica psicanalítica

Sigmund Freud revolucionou o pensamento a respeito da criança em vigor na época, com suas teorias sobre a dinâmica do inconsciente, a sexualidade infantil e o complexo de Édipo. Freud acreditou no uso a técnica psicanalítica com crianças ao publicar, em 1909, a análise de uma criança de cinco anos, o caso do "Pequeno Hans”.
Na prática clínica é comum os pais relatarem um fato marcante que pode ter ocorrido antes, depois ou durante o nascimento da criança, que repercutiu na vida familiar e, consequentemente na vida do bebê. Trata-se, portanto de um acontecimento que repercutiu na vida psíquica dos pais fazendo ressurgir a problemática da castração. O nascimento de um filho autista é capaz de criar uma ferida narcísica que sangra sem parar produzindo uma imensa dor psíquica nos pais. Sendo assim é necessário escutar e acompanhar os pais durante todo o processo psicanalítico de seus filhos.


A função materna e a função paterna

No texto “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” de 1905, Freud discorre da importância das primeiras relações mãe-bebê e de como ela se origina dos sentimentos dessa mãe com a sua própria sexualidade.
A criança existe psiquicamente na mãe muito antes de nascer. Ao nascer o bebê traz consigo uma potencialidade renarcisante, à medida que a criança nasça organicamente saudável e perfeita.  O nascimento de um filho é capaz de devolver o sentimento de potência ao casal parental.
A concepção de um filho é capaz de promover na mulher uma sensação de completude, dando inclusive a sensação de que nada lhe falta, até o marido e pai do seu filho lhe parece dispensável Para o homem a satisfação de se reconhecer no rosto do filho, perpetuar a família e reafirmar sua potencia fálica. Assim, o agente materno investe imaginaria mente o infans como o que preenche o que lhe falta e por isso o deseja.
Os lacanianos referem-se à função materna, num sentido descritivo, como do lugar que ocupa o agente de intermediação do simbólico para a criança – o Outro. Este Outro é seu semelhante e é o representante do campo simbólico. Sendo assim, na relação da criança com o Outro materno, há uma falha radical na simbolização, que esse Outro se torna real, não simbolizado.  De acordo com Jerusalinsky o bebê humano, requer a presença real de um agente que o receba num espaço virtual (o lugar de sua falta), espaço no qual esse infans se espelha (se imaginariza). Esse espaço se cava no agente materno na medida em que existe nele uma referência ao simbólico. Para ser mais preciso, é necessário que esse agente seja capturado pela castração simbólica, inscrito metaforicamente no Nome-do-Pai. Ou seja, Não verdadeiramente agente materno sem referência à Função do Pai, porque este agente se constitui como tal só no seu nome. Só assim o filho é objeto de desejo, e só assim, então, a mãe se inscreve (escreve?) no corpo dele as marcas do simbólico. Esta é por excelência, a função materna.
Para o pediatra e psicanalista D.W. Winnicott, o “bom funcionamento” do laço com a mãe é que permitiria à criança organizar o seu eu.
Winnicott  faz referência a três funções maternas e que são exercidas simultaneamente: a apresentação do objeto; o holding e o handling.
A função materna da apresentação do objeto, é a amamentação do seio ou da mamadeira. A mãe ao oferecer o seio ou mamadeira em horários regulares, dará ao bebê a ilusão de que ele mesmo criou o objeto do qual sente a necessidade.
Na função da mãe no holding ou sustentação, a mãe protege o bebê dos perigos fisicos diante a ignorancia da criança à realidade externa. Winnicott enfatiza a maneira da mãe segurar a criança, a principio fisicamente, mas também psiquicamente. A repetição deste gesto fará com que o eu nascente do bebê encontre pontos de referencia, necessários para sua integração no tempo e no espaço.
A terceira função materna através do holdling, corresponde a manipulação do corpo do bebê durante os cuidados necessários  à manutenção do bem-estar do bebê, e que favorece a experiência da sua vida psíquica e seu corpo.
Winnicott desenvolveu estudos com criança refugiadas e privadas da presença materna durante a guerra, levando-o a considerar a importância da dependência psiquica e biológica da criança em relação à mãe .
Para Winnicott a mãe capaz de adaptar-se perfeitamente as necessidades do filho, durante seus primeiros meses de vida, é chamada de “mãe suficientemente boa”, ou seja, a mãe capaz de tornar possível a criança “desenvolver uma visa psiquica e fisica fundamentada em suas tendências inatas.
Já a  “mãe insuficientemente boa”, segundo Winnicott pode corresponder a uma mãe real ou a uma situação, ou seja “não a uma pessoa, mas à ausencia de alguem cujo apego à criança seja simplesmente comum”. No caso da mãe real, esta pode ser incapaz, estar ausente ou ser muito intrusiva. Assim, a mãe pode ser incapaz de se identificar com as necessidades do filho, ou seja, em vez de responder a demanda do bebê ela os substitui pelos seus.

Considerações finais

A concepção de um filho autista é uma possibilidade nunca imaginada por um casal. A chegada de uma criança com autismo pode trazer aos pais  sentimentos de culpa, frustração, impotência, rejeição, entre outros. Muitos pais de autistam chegam a viver na negação.
Durante a pesquisa  observou-se que entre muitos autores consideram o autismo como tendo etiologia orgânica e outros apontam a psicogênese, e ainda que muitos defendem uma multideterminação.
O diagnóstico deve ser feito por um profissional qualificado, tendo como base o comportamento, anamnese e observação clínica da criança. Geralmente o bebê autista é tido como a criança “boazinha”  que raramente chora ou faz birra, e que prefere ficar no berço a aninhar-se no colo.  Assim, um dos problemas enfrentados no tratamento psicanalítico do autismo infantil refere-se ao encaminhamento tardio da criança, que geralmete chega quando os sintomas já estão cristalizados.
Até o momento não existe um tratamento específico para o autismo, mas, de acordo com o grau de comprometimento e da intensidade, a criança autista será capaz desenvolver comunicação verbal, ser  alfabetizada, a integração social, entre outras habilidades.
Conclui-se portanto que a intervenção psicanalítica precoce  é o melhor procedimento para propiciar o desenvolvimento favorável do sujeito autista.


Referências

AMA - Associação de Amigos do Autista. Disponível em: http://www.amigosdoautista.com.br

CAVALCANTI, A. E. e. ROCHA, P.S. Autismo: construções e desconstruções. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.

FREUD, S. (1905) Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Vol. VII. In:
Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio
de Janeiro: Imago, 2006.

JERUSALINSKY, A. Psicanálise do autismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.

KANNER L. In: Os distúrbios autisticos do contato afetivo. ROCHA, P.S.(org.). Autismos. São Paulo: Escuta, 1997.p. 11-170.

NASIO, J.D.(Org.) Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.

PINTO, M.C. O livro de ouro da psicanálise. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.

RIBEIRO, J.M.L.C. A criança autista em trabalho. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005.
ROCHA, P.S. In: Rumo a Itaca. ROCHA, P.S.(org.). Autismos. São Paulo: Escuta, 1997.p. 15-26.

ROUDINESCO, E., e M. PLON. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

SILVA, A. R.R. O Mito Individual do autista. In: ROCHA, P.S.(org.). Autismos. São      Paulo: Escuta, 1997. p. 27-38.

VOCARO, A. A criança na clínica psicanalítica. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2004.











Borboleta: 3

Refletindo:
" Crianças são como borboletas ao vento... algumas voam rápido... algumas voam pausadamente... mas todas voam do seu melhor jeito. Cada uma é diferente, cada uma é linda e cada uma é especial."




Símbolo da Psicopedagogia, a Fita de Moebüs com 3 voltas, representa o olhar do Psicopedagogo. As voltas estão dispostas de forma a representar a aprendizagem do indivíduo. O círculo central representa o indivíduo em processo para a aquisição de conhecimento, chegando ao fim com mudanças perceptíveis (círculo vermelho).
Segundo Quézia Bombonatto, Presidente Nacional da ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia), esse símbolo foi assim representado com o propósito de caracterizar nossa área de atuação, representando o Psicopedagogo com suas características próprias.

A Psicopedagogia surgiu da necessidade de atender a crianças com dificuldades de aprendizagem.  Seu campo de atuação na Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia. Constitui-se como área de conhecimento por seu objeto específico, o processo de aprendizagem e as dificuldades dele decorrentes e se afirma pelo desenvolvimento de instrumentos específicos de abordagem de seu objeto. Tem sido aceita e reconhecida como especialização pelo INEP/MEC. Sua prática está fundamentada em referenciais teóricos. No Brasil é reconhecida academicamente através das produções científicas, teses, publicações e reuniões científicas organizadas pela Associação Brasileira de Psicopedagogia e por outros órgãos e áreas afins. A formação é feita em cursos de especialização em instituições de ensino superior.

O papel relevante do Psicopedagogo tem contribuído para a integração não só  de crianças, mas também de adolescentes e adultos que por diferentes razões estão desarticulados do sistema escolar e de instituições onde o foco central é o processo ensino-aprendizagem.

No Brasil, a Psicopedagogia na sua origem esteve voltada para atender crianças com dificuldades de aprendizagem dentro de um contexto clínico. Atualmente a Psicopedagogia também vem contribuindo na área da prevenção das dificuldades de ensino-aprendizagem, bem como desenvolvendo programas que visam promover a integração dos alunos com dificuldades de aprendizagem. O Psicopedagogo Institucional atende professores e os alunos dentro das instituições de ensino. Temos mais recentemente o Psicopedagogo Hospitalar, que desenvolve suas ações para dar suporte e apoio no processo aprendizagem e reaprendizagem aos pacientes durante o período de internação, humanizando e contribuindo para a promoção da Saúde.

Referência:






quinta-feira, 24 de maio de 2012

Arte como terapêutica complementar em Oncologia




Receber um diagnóstico de câncer não é nada fácil e a doença geralmente é acompanhada de dor e/ou outros sintomas físicos, mentais e espirituais. As reações mais comuns observadas são: o medo, a insegurança, mudanças e restrições de diversas ordens, invalidez, senso de menos valia.

A Arte como técnica terapêutica complementar junto a estes pacientes possibilita a realização de objetivos pessoais, favorecendo o desenvolvimento da criatividade e da espontaneidade. A Arteterapia com grupos de pacientes oncológicos favorece o alcance de objetivos sociais, proporcionando uma aprendizagem baseada na troca de experiência de pessoas com necessidades semelhantes, podendo apoiar-se mutuamente, incluindo o sujeito no contexto social.




Assim, as atividades desenvolvidas no setting arteterapêutico visam:

- Facilitar o desbloqueio das emoções;
                - Desbloquear e estimular a criatividade;
- Promover a autoestima e a autoconfiança;
- Ampliar o conhecimento de si e dos outros.





Através do processo de criação o paciente é capaz de concretizar e expressar pensamentos, sentimentos e emoções relacionadas ao câncer. Para o terapeuta não são as produções artísticas que têm valor ou devam ser analisadas. O que importa é a fala do sujeito, pois as imagens produzidas são mediadoras entre o inconsciente e consciente.


Portanto estes pacientes demonstram uma crescente motivação voluntária na conquista favorável da qualidade de vida, pois conseguem lidar melhor com sintomas, estresse e experiências traumáticas e com suas limitações impostas pela doença.






Arteterapia

A Arteterapia é um processo terapêutico que almeja a dimensão integral do homem e ainda os processos de autoconhecimento e de sua transformação pessoal. Integra as áreas multidisciplinares das Artes (pintura, desenho, colagem, modelagem, dança, sucata, literatura entre outras) às disciplinas terapêuticas (Psicologia, Psicopedagogia, Medicina e outros.Para Angela Philippini (2004) “a Arteterapia encontra-se num ponto de interseção em que reúnem-se conhecimentos das Artes, da Saúde e da Educação”Muitos estudiosos, entre eles Liebmann (2000), utilização da Arte, possibilita a realização de objetivos pessoais, favorecendo o desenvolvimento da criatividade, da espontaneidade e da individualidade. Garante a aquisição da autoestima e da autoconfiança, favorece o alcance de objetivos sociais, proporcionando uma aprendizagem baseada na troca de experiência de pessoas com necessidades semelhantes, podendo apoiar-se mutuamente, incluindo o indivíduo no contexto social.O criar atua no processo de desenvolvimento humano como um aspecto formador de suas atividades psicológicas superiores, tais como o pensamento, a linguagem, a memória, a atenção dirigida e a motivação voluntária. Portanto, a Arte, como técnica terapêutica, possibilita a dinamização deste “potencial”, a partir da possibilidade de manusear diferentes materiais para imprimir uma forma pessoal quer seja pintando, desenhando, dançando, esculpindo, tocando, modelando, esses gestos adquirem o status de elemento motivador – estruturador e dinamizador das atitudes e comportamentos humanos uma vez que a arte é um fazer.Segundo a AARJ (Associação de Arteterapeutas do Rio de Janeiro), Arteterapeutas são profissionais com treinamento tanto em arte como em terapia. Têm conhecimento sobre desenvolvimento humano, teorias psicológicas, práticas clínicas, tradições espirituais, multiculturais e artísticas e sobre o potencial curativo da arte. Utilizam a arte em tratamentos, avaliações e pesquisas, oferecendo consultoria a profissionais de áreas afins. Arteterapeutas trabalham com pessoas de todas as idades, indivíduos, casais, famílias, grupos e comunidades. Oferecem seus serviços individualmente e como parte de equipes profissionais em contextos que incluem saúde mental, reabilitação, instituições médicas, legais, centros de recuperação, programas comunitários, escolas, instituições sociais, empresas, ateliês e prática privada (AATA, 2003).


Referencias

LIEBMANN, M. Exercícios de arte para grupos. São Paulo: Summus, 2000.

PHILIPPINI A. A. Cartografias da coragem: rotas em arteterapia. 3. ed. Rio de Janeiro: WAK, 2004.